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As ações humanas, também conhecidas como ações antrópicas, podem influenciar diretamente o meio em que vivemos, com impactos também na qualidade das águas. Na bacia do rio Doce, a interferência do homem foi intensificada a partir da inauguração da Estrada de Ferro Vitória-Minas, em 1907, quando a região passou a ser grande fornecedora de madeira e café. Posteriormente, estas culturas foram se diversificando, dando lugar a outras atividades, como a pecuária extensiva. Abaixo estão listados os principais fatores de pressão da bacia do rio Doce: 

O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), ocorreu em 5 de novembro de 2015, quando aproximadamente 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos atingiram o rio Gualaxo do Norte, de onde desaguaram no rio Doce e seguiram até a foz. Ao longo desse percurso, a lama causou uma série de impactos específicos em cada trecho por onde passou, em 39 municípios de Minas Gerais ao Espírito Santo, ao longo de 670 quilômetros. Os principais impactos nos cursos d’água e uso dos recursos hídricos foram:

  • Interrupção do abastecimento de água em função da degradação da qualidade da água nos rios afetados;
  • Prejuízos à agricultura (irrigação);
  • Prejuízos à indústria e demais atividades econômicas que dependem da qualidade da água dos corpos hídricos atingidos;
  • Prejuízos à produção de energia nas hidrelétricas;
  • Comprometimento da pesca em toda a extensão do rio e na transição com o ambiente marinho;
  • Comprometimento do turismo, sobretudo na região do estuário do rio Doce;
  • Destruição de áreas de preservação permanente nos trechos de cabeceira;
  • Assoreamento dos corpos hídricos;
  • Alterações morfológicas dos corpos hídricos atingidos;
  • Mortandade de peixes e de outros organismos aquáticos;
  • Perturbações do equilíbrio dos ecossistemas aquáticos.



Com a ocorrência de precipitações elevadas e de maior frequência, que normalmente ocorrem no período chuvoso, os materiais depositados nas margens são carreados para dentro dos rios. Além disso, há também o aumento da vazão e da velocidade da água dos rios que propiciam a ressuspensão do material sedimentado no leito dos rios para a coluna d’água.

O lançamento de esgoto sem tratamento nos cursos d’água é uma das principais fontes de degradação na bacia do rio Doce. Segundo o Atlas Esgotos: Despoluição de Bacias Hidrográficas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), apenas 20% das cidades localizadas na região apresentam serviços de coleta e tratamento de resíduos. Dispor o esgoto sem o adequado tratamento compromete a qualidade da água nas áreas urbanas, causando impacto na saúde da população, além de impactar serviços como abastecimento de água para consumo humano e os diversos usos, como banho, recreação, lazer, irrigação, entre outros.

Os principais recursos minerários explorados na região da bacia do rio Doce são ferro, ouro, bauxita, manganês, pedras preciosas e materiais de construção (argila, areia, cascalho). Uma das maiores minas a céu aberto do mundo está na região, além de um extenso mineroduto e operação de trem de carga. As atividades extrativas contribuem com a degradação de paisagens, erosão dos solos e assoreamento de córregos, rios e lagos.

As principais atividades deste setor na bacia do rio Doce estão relacionadas ao reflorestamento, com predomínio de culturas de eucalipto para fornecer matéria-prima às indústrias de celulose, lavouras tradicionais, cultura de café, cana-de-açúcar, suinicultura e criação de gado leiteiro e de corte. O mau uso dos solos e o uso indiscriminado de agrotóxicos nas lavouras podem contribuir para a contaminação dos cursos d'água.

A bacia hidrográfica do rio Doce apresenta uma forte atividade industrial, focada na produção da celulose, siderurgia, mecânica pesada, produtos alimentares e reflorestamento, além da extração mineral, que exerce influência na economia regional. O manejo inadequado dos solos associado ao lançamento de efluentes industriais sem tratamento são uma outra fonte de contaminação dos cursos d'água.

O uso de energia proveniente de hidrelétricas é caracterizado como opção prioritária na matriz energética brasileira, justificando-se pela grande disponibilidade de recursos hídricos em todo o país, bem como por ser uma fonte de energia limpa. Neste sentido, a bacia hidrográfica do rio Doce ocupa uma posição estratégica em relação ao aproveitamento do potencial hidrelétrico. Grandes empreendimentos hidrelétricos operam na região em diversos estágios de planejamento. A implantação desses empreendimentos implica, na maior parte das vezes, na construção de barramentos e, consequentemente, alterações na dinâmica dos cursos de água, trazendo impactos variados aos ambientes aquáticos.

A retirada generalizada da cobertura vegetal do solo e o mau uso dos solos, para o desenvolvimento de
monoculturas para agricultura ou pastagem, tem conduzido a região a um intenso processo de erosão.
Somados aos despejos inadequados advindos da mineração e de resíduos industriais e domésticos, a
degradação deu origem ao contínuo processo de assoreamento na região, em especial o baixo curso do rio
Doce, que recebe carga de sedimentos provenientes das áreas à montante. O assoreamento, quando associado
à formação de algumas cidades em áreas de planície, é responsável por inundações recorrentes nos
períodos de chuva mais severos, trazendo graves prejuízos socioambientais à região.